Amador Aguiar

Nascido em Ribeirão Preto, filho de agricultores humildes e tendo completado apenas o quarto ano do curso primário, o jovem Aguiar guiava-se apenas por uma certeza: só o trabalho pode produzir riquezas. Convicto do poder transformador do trabalho honesto e dedicado, Amador Aguiar iniciaria no mercado de trabalho precocemente, com apenas 16 anos, em uma tipografia na pequena cidade de Sertãozinho. Com empenho e gosto pelo ofício, preparava nas madrugadas a edição seguinte do jornal “Gazeta”. Seria durante seu serviço como tipógrafo que conseguiria completar autonomamente os estudos e ampliar sua bagagem cultural. Uma distração, contudo, mudaria seu rumo: durante um acidente de trabalho, perderia parte do indicador direito, sendo forçado a mudar de profissão.

Dessa forma, aos 21 anos, logo após seu casamento com Eliza Silva Aguiar, conseguiria seu primeiro trabalho em uma instituição bancária: contínuo, no Banco do Noroeste de Birigui. Dois anos depois passaria a contador e, em pouco tempo, a diretor. Deixaria a instituição somente em 1942 e, nas palavras de Wallace Simonsen, proprietário do Noroeste, “contra a vontade de toda a diretoria”. Sua saída, contudo, tinha uma justificativa nobre: fundar na cidade de Marília o Banco Brasileiro de Descontos S.A.

Amador Aguiar caminha por Marília (SP), à época da fundação do Bradesco – 1943

“Só o trabalho pode produzir riquezas”

Amador Aguiar

Amador Aguiar ao lado da impressora Liberty, em que começou sua carreira como tipógrafo – 1985

Desde o início, guiou seu trabalho no Banco e inspirou seus funcionários sob um único pensamento: Acorde cedo e trabalhe. Isso vale para uma casa, uma empresa ou um país. Iniciava sua jornada de trabalho logo ao amanhecer e prolongava-a até as primeiras horas da noite, servindo como exemplo primordial para todos os funcionários da Organização. Com maestria, serenidade e competência, transformaria a pequena instituição bancária do interior paulista em um dos maiores bancos da América Latina. O estilo desbravador e comprometido de gestão e liderança o fez um mito do mundo dos negócios: de caráter visionário, empreendedor e pragmático, seu senso de oportunidade e inovação foi responsável por revolucionar o sistema bancário nacional, com foco no cliente e na prestação de serviços. Transformou-se em um dos maiores exemplos de self-made man da história empresarial brasileira. Seu carisma e inteligência eram admirados por todos, de funcionários do Bradesco aos donos das empresas concorrentes. São ideais de trabalho, disciplina e honestidade que se refletem até hoje nos princípios norteadores da Organização.

“Acorde cedo e trabalhe. Isso serve para uma casa, uma empresa ou um país.”

Amador Aguiar

A ascensão econômica, contudo, não mudaria seus hábitos simples, dando espaço para diversas histórias que povoam as memórias ao seu entorno. Célebre se tornaria sua aversão a calçar meias, o que só fazia quando a ocasião lhe obrigava, ou seu costume de brincar com os filhotes dos leões do zoológico da Cidade de Deus. Também são muitos os relatos de suas andanças pela Cidade de Deus, em Osasco (SP), para onde levou o centro administrativo do Banco em 1957. Nessas incursões, costumava parar para conversar com as crianças que brincavam nos jardins das casas, numa época em que funcionários moravam na matriz; dava conselhos ou perguntava sobre amenidades da vida. O mesmo fazia com os próprios funcionários do Bradesco, visitados em seus postos de trabalho. Sempre que sua rotina permitia, gostava de ir às agências do Banco ou às Escolas da Fundação.

Amador Aguiar brincando com filhotes de leão da Cidade de Deus – 1970.

“Nunca tive ostentação, porque ostentação ofende”

Amador Aguiar

Homenagem aos 40 anos do Bradesco – 1983

Amava a natureza, sendo integrante e sócio benemérito de uma série de instituições dedicadas à defesa do meio ambiente, causa que assumiu de forma pioneira. Também contribuía com diversos programas e associações civis voltados à inclusão e assistência social, sendo o criador da Fundação Bradesco.

Permaneceria durante 47 anos no Banco, deixando o cargo de Presidente do Conselho de Administração em 12 de fevereiro de 1990, data em que foi agraciado com os títulos de Presidente Emérito da Organização e Fundação Bradesco. Faleceria no ano seguinte, em 24 de janeiro de 1991, deixando para trás um legado que sobrevive no dia a dia de todos aqueles que se empenham para a continuidade de sua obra, herança fortalecida por uma biografia que se mantém como fonte constante de admiração.

“O sucesso do Banco resulta de uma luta, a qual nunca abandonamos, para mostrar que o trabalho vale mais que o capital, e que o lucro é um bem quando aplicado conscientemente”

Amador Aguiar

Diretivas de Privacidade

Topo